Bom, ano de copa é um prato cheio para se promover a hipocrisia, não é mesmo?
Nesses tempos me volta outro sentimento com o mesmo teor de tédio.
Sim, nesse momento vamos esquecer todo o nosso processo de construção social. Vamos todos vestir a camisa “canarinho” que me parece mais o abada do bloco da hipocrisia e da mediocridade. Vamos fingir (pelo menos agora), que as “birrinhas” interestaduais deste país não existem.
Por exemplo, as dos sulistas separatistas que querem se fechar para o resto do país simplesmente por que não acham legal prestar contas à união, e sustentar “vagabundos”.
Não, nada disso agora importa, vamos deixar de lado as divergências, vamos deixar os problemas do lado de fora, o que tem de mais? Retornaremos à eles na depois da Copa do Mundo, com o Brasil campeão, ou não! Ah, e nos intervalos dos jogos tem o giro pelo Brasil do Galvão Bueno que passa pelo pelourinho e faz a festa com os baianos do Timbalada.
OPA! É possível, nesse momento, observarmos gaúchos, paulistas, mineiros, cariocas. . . Por fim, todo o povo “tupiniquim” atrás do trio-elétrico conduzido por baianos (abaixo a ironia). Baiano, oh povo alegre, feliz, festeiro, fazem um carnaval como ninguém, mas que depois da quarta-feira de cinzas voltam a ser considerados como “vagabundos”, “escora da sociedade”.
Mas não se preocupem, são apenas trinta dias, depois tudo volta ao normal. Comemorem, temos bons motivos para isso. (hahaha...). Vamos respirar outra vez os ares desse falso nacionalismo que é muito comum nessa época de copa do mundo, onde, jocosamente, somos denominados “a pátria de chuteiras” – me incluo fora disso -.
Ouço por ai alguns que criticam a economia dizendo que o resto do mundo cresce mais do que o Brasil. Mas não pagam impostos por preferirem o DVD pirata. Compram um carro de marca francesa sem ao menos se dar ao luxo de saber que é fabricado no Brasil por homens que trabalham 8 horas por dia e que JAMAIS poderão dirigir um.
Outros inflam o peito dizendo que tomam “coffe brake”, ou o capuccino, é muito mais bonito que tomar o nosso tradicional “cafezinho”, que é plantado no nosso rico e fértil solo, colhido, torrado e moído pelas mãos de Josés, Joãos que passam fome no campo.
Por fim, o que mais temos para importar? A língua não é nossa, nem as marcas de carro, nem de roupas, nem a arquitetura! Vamos importar “intelectualidade”, por que a nossa torna-se camuflada, apagada ao sermos vistos pelo resto do mundo simplesmente como o “país do carnaval”.
Professor Ademir, é gremista fanático, mateador, assador, escreve às sexta-feiras, não suporta o falso patriotismo em época de Copa do Mundo e espera soltar o grito de CAMPEÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOO no próximo domingo.